sábado, 30 de agosto de 2014

Volta ao Mundo Jul/14 - Marrocos - Fèz

Sete horas depois da partida de Marrakesh, chegamos em Fèz. Como o terminal de trem em que chegamos ficava longe do nosso Riad (5 km) e estávamos cansados, tivemos que tomar um taxi. O primeiro esperto que nos ofereceu seus serviços começou a conversa com 50 dirhams e terminou abaixando para 40 dirhams. Não aceitamos porque isso é muito. Se consultar outros blogs de viagem, perceberá que deveria ser de 15 até 20 dirhams. Óbvio que se esses migués ligassem os taximetros, sairia 10 dirhams. Fomos atrás de outro cara que começou com os mesmos 50 dirhams. Dissemos que 15 dirhams e a negociação continuou até o cara ficar louco da vida e aceitar os 20 dirhams. O que dissemos? Simples, só temos 20 dirhams, se você não aceitar outro taxista vai... O cara veio correndo e aceitou os 20. Ia usar um palavrão, mas vou manter a linha neste blog. O zangado nos deixou no portão azul central da Medina e andamos 200 metros até acharmos o Riad. Agora estamos experts em achar Riads nas medinas! Dessa vez, finalmente, tivemos sorte na escolha. Ar condicionado funcionando, atendimento em inglês nota 10, quarto limpo e pronto para nos receber.



A medina de Fèz é maior do que de Marrakesh, e em nossa opinião, bem mais legal e organizada. O que chamou mais a atenção foi que encontramos restaurantes, cafés, muitas barracas de verduras, frutas, especiarias, animais vivos ou mortos, artesanato e souvenirs. Achamos incrível e diferente quando se anda pela medina, pois é uma mistura de odores e aromas. Odores de animais, produtos de limpeza naturais, especiarias, ervas frescas como menta, frutas frescas e secas, perfumes e comidas sendo feitas na hora. Essa é a melhor descrição que podemos dar...

Portal azul principal

Frutas secas (tâmaras, figos, ameixas), castanhas e nozes

Açougue, geralmente sem refrigeração, expondo seus produtos



Frutas secas, nozes e castanhas com bastante opções


Pratos de porcelana típicos

Calçados feitos com o couro das tanneries

Panela de barro marroquina onde fazem o tagine

Pequena praça onde os artesãos de cobre fabricam vários utensílios


Mas o que nos trouxe a essa cidade, além do fato de estar na nossa direção, foram os famosos tanneries que são os locais onde se trata o couro. Visitamos um dos maiores de Fèz, o Chouwara, pagando uma entrada de 10 dirhams por pessoa e avisando que não compraríamos nada. No Marrocos é sempre bom deixar isso bem claro! Nosso "guia" nos levou até o terraço e contou-nos um pouco sobre o processo, enquanto observávamos os tanques e resistíamos ao mal cheiro. Para quem nunca viu um documentário sobre o processo, o mal cheiro é devido aos restos de gordura e carne do animal no couro, dos amoníacos e outros produtos utilizados. Para terem um ideia, várias pessoas mascam ou cheiram folhas de menta para amenizar o forte odor. Isso porque estávamos no terraço. Imaginem só os que trabalha lá em baixo. Sinceramente, foi a primeira vez na vida em que não tive fome na hora do almoço. Quanto ao processo, resumidamente, consiste na limpeza da pele de cordeiro, camelo e outros, conservados em tanques para amaciar o couro e mergulhados em tanques onde irão ganhar cores.















Amanhã, pegaremos o ônibus para Chefchaouen. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Volta ao Mundo Jul/14 - Marrocos - Imlil, Aremd, Tizi Oussem

Contratamos um Trekking com a Trek Atlas nas montanhas próximas de Marrakesh para duas pessoas.O pacote de duração de 3 dias e 2 noites, incluiu todos os transportes para Marrakesh, café da manhã, almoço e janta de todos os dias, hospedagens, guia, cozinheiro e mula para o transporte das bagagens. Os únicos itens não inclusos eram: água mineral e banho quente, mas você podia adquiri-los nas hospedagens. O leitor interessado em ver a rota e as variações de altitudes, pode acompanhar pelo mapa:


1ºdia) Imlil-Tamatert-Aremd-Guest House em Aremd
O taxi foi nos buscar nos Riad na hora exata combinada (9:00), nos levou para Imlil (1h30min) e lá conhecemos nosso guia, cozinheiro e a mula. Eu disse mula! Em vários dos nosso destinos que são vilarejos Berber (povo original do Marrocos) não estradas e o acesso é somente pelas trilhas. Assim, as mulas são muito importantes para o transporte de tudo, sendo tão bem valorizadas a ponto de terem preço de carros populares. 

Nossa mula sendo carregada

Nossa mula em ação
Esse dia até que foi tranquilo, pois subimos uma montanha alta e algumas outras pequenas, parando para almoçar numa delas. Nosso cozinheiro foi na nossa frente com a mula para preparar nosso almoço.

Almoçando nas montanhas
Abastecidos de comida e líquido, caminhamos cerca de 1 hora até o vilarejo Berber chamado Aremd onde dormimos numa Guest house. O menu da janta foi a tradicional sopa marroquina harira e o tagine de prato principal. Claro que tudo acompanhado pelo chá com hortelã. Algo curioso, ao menos para nós, que ocorre quando vão servir o chá, é que eles erguem bem o bule para ir criando uma espuma na superfície do chá. Indagado sobre isso, o guia respondeu que é para liberar mais o aroma do chá e também para ficar com uma aparência mais bonita. Além disso, para sentir mais o sabor, a cada gole eles sugam o chá fazendo barulho para que a sensibilidade ser maior.


Nosso guia e a Cá


Aremd
2ºdia) Aremd-Achelm-Tizi n’Mzik-Refúgio Azibão Tamsoult-Cascade d' Irhoulidene
Acordamos às 6:00 e quando o sol estava surgindo, estávamos partindo para Achelm. Esse dia subimos aproximadamente 400 metros numa caminhada de 3 horas. Caminhamos mais 40 minutos e chegamos no nosso hut ou refúgio. Depois de almoçarmos e descansarmos um pouco, andamos mais 40 minutos até chegar à cachoeira d'Irhoulidene. Começou a chover e tivemos que voltar rápido ao hut.







3ºdia) Refúgio-Tizi Oussem-Ait Aissa-Tzi Oeudite-Matate Aguersioual
Acordamos novamente às 6:00 e partimos para Tizi Oussem junto com nossa amiga mula e o cozinheiro. Nesse dia levamos cerca de 4 horas para subir e mais umas 2 horas para chegarmos até o ponto final Matate Aguersioual onde nosso taxi estava esperando.







Chegando em Marrakesh, enfrentamos 42ºC e quase passamos pela mesma situação descrita no post anterior para achar o endereço do novo Riad que reservamos. Como os Riads da Medina ficam em ruelas, nosso taxi não podia ir até lá. Próximo da rua principal perto do hotel, o motorista ligou no Riad, mas o telefone do Riad não funcionava. Então decidimos tentar achar a ruela. Quando paramos estávamos descendo do taxi começaram a oferecer ajuda. Dissemos que não e fomos andando. Mas alguns espertinhos ofereceram ajuda, mas desta vez achamos! Vivendo e aprendendo. O único azar, foi a porcaria do Riad Naya não ter quarto com ar condicionado. O detalhe é que reservamos com ar condicionado. Contudo, estávamos tão cansados que ficamos lá mesmo.

Uma dica: vários Riads em Marrakesh mostra o endereço da ruela e depois o da rua principal. Assim, basta você ir na rua principal e depois ir olhando o nome da ruela. Por exemplo, 29 Derb Dekkak Bab Doukkala, Medina, Marrakesh. Localize a rua Bab Doukkala e depois a travessa Derb Dekkak e procure pelo número 29.

Próximo destino será Fèz!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Volta ao Mundo Jul/14 - Marrocos - Marrakesh

Primeiramente, temos que alertá-los de que este post é comprido, pois aconteceram situações inesperadas e pelo fato do Marrakesh ter sido uma experiência nova e bem diferente das cidades que já conhecemos. Diremos aqui, já no início, para não restar dúvida: Gostamos muito de Marrakesh!.
Bem, levamos 1º20´ de Sevilha a Marrakesh pela Ryanair. No aeroporto, trocamos um pouco de euros por dirham Marroquino e levamos um spread como era de se esperar infelizmente (cotação comercial 1 EUR  = 11,20 MAD, fizemos 1 EUR = 10,60 MAD). Nossa dica é sempre trocar grandes quantidades fora dos aeroportos, pois geralmente as casas de câmbio e bancos de fora tem cotações melhores, no nosso caso, achamos 1 EUR = 11 MAD. Mas tudo bem, precisávamos de alguns dirhams para pagar o ônibus, cerca de 5 euros (60 dirhams) no total, que nos deixaria próximo da praça mais visitada chamada Place Jemaa El Fna. Não fomos de taxi porque eles queriam cobrar cerca de 30 euros até o Riad (hotel). O motorista do ônibus foi muito prestativo, pois nos avisou que se descêssemos um ponto depois dessa praça, ficaríamos na entrada da Medina, e portanto, muito mais perto do nosso Riad chamado Dar Rosa. Descemos no ponto indicado por ele e começamos nossa peregrinação. Os leitores logos irão saber porque chamamos de peregrinação.  
Nos dias anteriores, passamos algumas horas quebrando a cabeça para tentar localizar nosso Riad no Google maps. Comparamos o mapa do Booking.com e marcamos o local exato do Riad. Eu disse exato! Colocamos no modo satélite verificamos as existências de várias ruas que o Google maps não apontava como rua. Decerto, que o carro deles ou a moto que fornece as fotos para a construção do mapa não entraram nessas estreitíssimas ruas. Munidos de vários mapas em dois Iphones, ambos os google maps ligados, atrás do nosso Riad, percorremos todas as redondezas de onde tínhamos marcado. Lembrando que o Google maps e o Booking.com apontavam para o mesmo lugar, mas não achávamos. Encontramos vários outros Riads nos lugares indicados, mas não o nosso. Sempre apareciam espertinhos querendo nos ajudar. Essa é uma pegadinha! Eles perguntam para onde você vai, mostram o caminho e pedem de 100 a 150 dirhams como recompensa. E se você não pagar, fazem um escândalo ou algo bem pior, principalmente se não houver um homem no grupo perguntado. Andamos mais ou menos durante uma hora e meia procurando o bendito. Foi quando perguntamos para um senhor, dono de uma loja, onde ficava o Riad. Ele respondeu em francês que era numa rua em frente da mesquita, sem cobrar nada. Fomos até a mesquita meio desconfiados, e quando estávamos no meio de uma rua que não sabíamos o nome, um sem vergonha veio oferecer ajuda em inglês. Como estávamos com saco cheio, cansados e sem saber onde procurar, negociamos o preço de 5 euros com o indivíduo e ele nos levou finalmente até o Riad. Adivinhem...O nosso Riad não tinha era apenas uma porta com o número, não havendo qualquer indicação da rua ou nome da Riad. Ou seja, sozinhos não encontraríamos mesmo! Deem só uma olhada no mapa abaixo, onde a indicação vermelha é o Riad e o outro o ponto que o google indicou.


Notem que ele nem consegue traçar uma rota.
Para piorar mais ainda a situação, nosso quarto estava com o ar condicionado quebrado e fez 40ºC depois das 16h. A tarde, enquanto caminhávamos em direção à praça Jemaa El Fna, numa rua próxima do nosso Riad, fomos parados por um simpático dono de uma loja de chás e cosméticos naturais que nos convidou para tomarmos um chá e conhecermos a loja. Enquanto tomávamos um chá feito com inúmeros elementos, como por exemplo, hortelã, anis, limão e ginseng, ele foi nos apresentando várias especiarias. Aqueles que me conhecem sabem que eu não costumo tomar chá, pois prefiro café expresso. Mas tenho que admitir que o chá estava excelente! A Camila que é entendida do assunto disse que o chá era de fato muito diferente, aromático e com um sabor excelente e suave. Bom, lembram-se do ditado: Nada é de graça? Pois é, vimos a aplicação dele na prática. Enquanto apreciávamos o chá, ele estava preparando um pacote de chá com várias especiarias que nos apresentava e que estávamos gostando. Mas, tudo bem porque nossa intenção era levar um chá com especiarias mesmo. É que fora isso, ele vai tentando te vender outros produtos, como por exemplo óleos e sabonetes. De fato, a qualidade parecia muito boa, mas desconfiávamos que os preços não. Depois de quase uma hora de conversa e muito chá, pedimos para ele falar o preço de tudo. Ele disse um preço, fizemos um contra-proposta e depois de algum tempo conversando, chegamos num denominador comum. Isso faz parte da cultura deles! Negociar é preciso! Depois que pagamos, ele nos apresentou a um amigo que vendia os mais variados tipos de lembrança. Tomamos mais chá, mas não levamos nada. retomando o caminho, finalmente chegamos na praça e fomos jantar numa das muitas barracas que vendem comidas típicas marroquinas. No final deste post falaremos, como quase sempre, da comida típica.
Nos outtos 2 dias em que ficamos na cidade, não tivemos muitas surpresas e andamos por alguns Souks e ruas da Medina, e visitamos os pontos turísticos: Badi Palace, Bahia Palace, Jardin Majorelle e Médersa Ben Youssef que foi uma escola Islâmica.

Praça Jemaa el-Fna

Interior de um Souk

Entrada de um Souk

Tradicional lojinha de frutas e especiarias

Palácio El Bahia

Interior do El Bahia

Palácio El Badi

Jardim Majorelle

Jardim Majorelle

Médersa Ben Youssef


Jemaa el Fna
El Badi

Teatro

Dicas e cuidados ao visitar o Marrocos

1-Tomar muito cuidado com a higiene pessoal e na alimentação
Esse ponto está como primeiro, porque é o mais importante. No Marrocos, a higiene é meio precária. Sendo assim, lave sempre bem as mãos antes das refeições, principalmente se for usar as mãos diretamente, pois em restaurantes mais tradicionais, divide-se o mesmo prato com os outros e come-se com a mão direita. Se for comer na rua com as mãos, utilize um lenço umedecido com álcool ou carregue sempre um álcool gel. Tome cuidados com os produtos que irá consumir que podem ter tido contato com água duvidosa. Por exemplo, vendem-se muitos sucos de laranja. Os copos de vidro são lavados num galões com água duvidosa, então peça para colocarem numa embalagem para viagem. O gelo usado também é de fonte duvidosa, então peça sem gelo. Se o Box do banheiro estiver muito sujo, use um chinelo para tomar banho. Deixe sempre as unhas bem aparadas. Evite tomar refrigerantes diretamente no recipiente.

2-Negociar sempre e não aceitar a primeira oferta
Por exemplo, fomos comprar água e queriam cobrar 10 dirhams. Tínhamos comprado em alguns lugares por 6 ou 7 dirhams, e no mercado pode encontrar por 3,50. Então, numa das lojas falamos que não pagaríamos 7 dirhams, o cara deu uma risadinha e aceitou. Só para finalizar, pegamos todas as moedas e na verdade só tínhamos 6 dirhams . Adivinhem! O cara aceitou!

3-Desconfiar de qualquer oferta dos vendedores, seja um copo de chá ou doce
O que ocorre é depois do chá e do doce é que começam a lhe entuchar de coisas para comprar. Se você estiver a fim de comprar, daí vale a pena tomar o chá, pedir mais chá, o doce e tudo o que ele oferecer. Temos que reconhecer que as vezes fica difícil, pois eles são muito bons de lábia e bem simpáticos. Alguns deles "arranham" mais de 4 idiomas: português, espanhol, francês e inglês. Tem alguns que aprendem até algumas frases prontas em japonês.

4-Quando estiver perdido, perguntar ao guarda ou numa loja

Os espertinhos percebem que está perdido e vão logo oferecendo a ajuda. Claro que por uma recompensa monetária. There's no free lunch!

5-Se você aprecia muito cerveja assim como eu, saiba que é muito difícil encontrar restaurantes que a vendem e no mercado os preços não são muito convidativos. Então, se puder, leve algumas e arranje um lugar para gelá-las.


Comidas típicas
Em Marrakesh, pudemos observar nos Souks inúmeras barracas que vendiam frutas secas (damasco, figo), nozes, castanhas, pistaches, ervas para tempero e medicinais, carnes e algumas frutas frescas. Nas ruas, eles costumam comer muito o figo da Índia e tomar suco de laranja feitos na hora. Nós experimentamos alguns tipos de tajines, coucous, espetinhos variados e gostamos de todos! Meu único ponto é que não havia uma cerveja para harmonizar.

Tagine de frago com limão

Couscous de carne

Tagine de carne

Canela

Espetos de carne, couscous de legumes e azeitonas

Meu preferido - tagine de costela com figos e nozes. Simplesmente espetacular!

Rumo ao trekking de 3 dias nas montanhas próximas de Marrakesh!